A duplicação da Rio-Santos, anunciada pelo Governo do Estado de São Paulo e projetada pela Concessionária Tamoios, tem provocado uma grande mobilização entre moradores, comerciantes e veranistas da região norte de Caraguatatuba. A principal reivindicação é por um novo traçado da obra, semelhante ao Contorno Sul da Tamoios, que foi construído fora da orla para preservar áreas turísticas e ambientais. As informaçõe são do jornalista Salim Burihan.
O atual projeto da duplicação da Rio-Santos prevê intervenções em três trechos: na orla do Massaguaçu, em Caraguatatuba, e nas praias da Maranduba e Praia Grande, em Ubatuba. O traçado apresentado no final de 2023 causou apreensão entre os moradores por prever pistas duplicadas muito próximas da orla, com ciclofaixas e travessias em áreas sensíveis à erosão.
Um vídeo institucional da Concessionária Tamoios, com duração de 1min52s, detalha o projeto em três etapas. No trecho de Massaguaçu, por exemplo, a proposta inclui pista dupla com canteiro central e quiosques nas travessias. Moradores temem que tais estruturas aumentem ainda mais o processo de erosão e dificultem o acesso à praia.
A preocupação maior é com o impacto turístico e ambiental que pode afetar diretamente a identidade das praias de Massaguaçu, Maranduba e Praia Grande — todas reconhecidas como importantes destinos do Litoral Norte. Comerciantes locais alertam que o projeto atual poderá afastar visitantes, reduzir o fluxo de clientes e prejudicar de forma definitiva o comércio nas regiões afetadas.
Para dar visibilidade ao movimento, foi marcada uma manifestação no dia 23 de abril, no trevo do bairro Jetuba, sob o lema: “Duplicação Somente Dialogando Com a População”. A concentração começará às 16h30 no Centro Comunitário do Alto do Jetuba e seguirá em caminhada até o local da obra. O objetivo é pressionar o Governo do Estado e a Concessionária Tamoios a ouvirem a população antes do início das obras.
“Queremos ser ouvidos. Não somos contra a duplicação da Rio-Santos, mas sim contra o traçado que impacta diretamente nossas praias e nossa forma de viver. Por que não fazer como em São Sebastião, onde o contorno preserva a orla?”, questionam os organizadores nas redes sociais.
O projeto, que contempla cerca de 45 km entre Caraguatatuba e Ubatuba, foi anunciado pelo então governador em exercício Felício Ramuth e conta com investimento inicial de R$ 12,5 milhões somente para os estudos. Segundo a própria Concessionária Tamoios, trata-se de uma rodovia de engenharia complexa e ainda passará por ajustes até a execução.
Moradores esperam que esses ajustes sejam feitos com base em diálogo, ouvindo as comunidades locais e levando em consideração os riscos de impactos ambientais, econômicos e sociais. Eles defendem que a duplicação seja feita em um novo acesso, por trás dos bairros, sem afetar a orla, como já foi feito com sucesso no Contorno Sul.
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